Ser jovem leão… bicampeão: «É o início do sonho, mas importa não se deslumbrarem»
Dário Essugo, com 19 anos, Eduardo Quaresma e Gonçalo Inácio, ambos com 22. Ser campeão nacional é, para muitos, o grande objetivo de uma carreira. Ser bicampeão nacional é um pensamento utópico e fazê-lo com 20 e poucos anos – ou menos – é uma raridade ainda maior.
De leão ao peito, além dos três nomes mencionados anteriormente, também Mário Jorge preenche todos os requisitos. Campeão em 1979/80 – aos 18 anos – e em 1981/82 – aos 20 -, o açoriano falou com o zerozero sobre todos os desafios e privilégios vividos por um jovem leão bicampeão.
«Sai dos Açores com cinco anos. Depois, por volta dos 12 anos, fiz os testes e comecei a minha carreira no Sporting. Foi fácil a minha adaptação, logo a seguir ao 25 de abril. Apanhei treinadores muito carismáticos na formação do Sporting, como é o caso de Aurélio Pereira, César Nascimento, Fernando Mendes, o Prof. Cassiano Gouveia… Fiz o meu percurso daí até à transição para o futebol profissional», começou por explicar o ex-jogador.
Mudanças de localidade, de clube, de rotinas… O processo é sabido e reconhecidamente difícil. Mário Jorge experienciou-o e mostrou-nos o caminho para o sucesso: «Depende, sobretudo, do foco e da forma como o jogador encara esse processo. É evidente que, na altura, quando comecei, não sonhava tornar-me jogador de futebol. Contudo, nos juniores, quando me apresentaram um contrato profissional, comecei a encarar o futebol de forma diferente. Investi na minha carreira, se queria dar continuidade.»
«Estamos a falar dos finais dos anos 70, inícios dos anos 80. Não era fácil apostar num jovem jogador, ao contrário de agora, que há alguma paciência e o processo formativo dos jogadores não acaba aos 18 anos, vai até aos 21/22/23… Na altura, fui lançado às feras, como se diz na gíria (risos). Aproveitei a oportunidade, apesar de ter na equipa jogadores muito bons, ou seja, era mais difícil jogar», reconheceu o antigo defesa/médio leonino.