Jogo a jogo, José Mourinho abre o livro da glória de 2004: «Vamos chatear os gajos»
Uma equipa para a eternidade. Nasce em Belgrado, em setembro de 2003, e passa por mais 11 estações até ao desembarque em Gelsenkirchen. 26 de maio de 2004, há 20 anos, a Liga dos Campeões conquistada pelo FC Porto de Mourinho. Assim mesmo, marca registada e inconfundível. O FC Porto de Mourinho.
Email vem, email vai, o Special One aceita o desafio do zerozero. Jogo a jogo, história a história, o regresso à glória da Champions e a um conjunto fabuloso de jogadores. O FC Porto de Mourinho.
À Taça UEFA de 2003, erguida na canícula de Sevilha, o plantel mais do que Special junta-lhe o altar dos deuses, o Olimpo do futebol. O FC Porto de Mourinho será, até aos dias de hoje, a mais bela criação made in Portugal de uma máquina competitiva. Bela e, ao mesmo tempo, implacável. Fria nas luvas de Vítor Baía, delicada nas chuteiras de Deco.
Um exclusivo zerozero com o mais titulado dos treinadores portugueses. 20 anos depois da glória em Gelsenkirchen. Aquele FC Porto de Mourinho.
zerozero – Primeiro dia da pré-época em 2003. O discurso para os jogadores versa sobre conquistas europeias, Supertaça e Liga dos Campeões?
José Mourinho – Tínhamos feito a nossa tripleta. UEFA, campeonato, Taça de Portugal. Éramos jovens e poucos habituados a ganhar tanto. Tive receio de perda de ambição, de relaxamento. Pensei em apertar ainda mais, exigir ainda mais e injetar desafios grandes para poder elevar a concentração e a intensidade do treino. Sem falar de ganhar a Champions, falei muito em jogar a Champions com arrogância. O discurso foi este: «O campeonato tem de ser nosso, na Champions vamos chatear os gajos.» A Supertaça com o Milan foi aquilo que sempre detestei. Perdeu a melhor equipa, perdeu quem jogou melhor e fez mais para ganhar. Detestei, mas encaixou bem no que dizia antes: «Vamos à Champions chatear.» E não podíamos ter chateado mais o campeão europeu.