Danças com treinadores
1. Conceição
Quando apontei a questão da gestão do tema “Conceição” como o grande erro da candidatura de André Villas-Boas, tinha claros dois aspetos: Sérgio Conceição não encontraria na nova estrutura o seu lugar, nem por ela seria querido. O segundo ponto é mais relevante do que o primeiro. É que SC precisaria de ser bajulado, adulado, incensado – como foi durante todo o seu “reinado” no FCP – e, ainda assim, decidiria que não ficaria. Nesse caso, consideraria encerrado o seu ciclo, passear-se-ia em ombros e consolaria a nova direção que, em lágrimas, se mostraria perdida sem o seu caudilho.
Mesmo assim, seria um momento. Mais tarde ou mais cedo, SC teria necessidade de reavivar a sua própria memória e desforrar-se daqueles que, mesmo chorando, não o tivessem conseguido segurar. Não era mesmo preciso ter dons de vidente para se perceber isto.
AVB teve medo – sim, medo – de afrontar Conceição. Aliás, receou bastante mais essa eventual onda de choque do que o próprio embate com 42 anos de história e títulos que forjaram o FCP de hoje. E as suas dívidas e problemas, está claro.
Portanto, nada do que se passa, nem sequer o ruído que 20% conseguem fazer – é bom lembrar que os comentadores que Pinto da Costa “nunca indicou” para qualquer programa, estão lá por indicação, direta ou indireta, da anterior direção e não da nova – é propriamente uma surpresa. Que o assunto se arraste, à boleia de um qualquer pretexto – algum se haveria de arranjar – é mera consequência de nenhuma porta de verdadeira relevância (um tubarão, portanto) se ter aberto para SC, o que torna o seu lugar no FCP, ainda assim, a melhor opção que teria para prosseguir a sua carreira. E, na verdade, também isto era bastante previsível.
Erro de avaliação de AVB e apenas SC vintage, nada mais. O que diz muito da inexperiência – impreparação? – do primeiro e ainda mais do ego do segundo.