«O Otto era uma jóia de pessoa, o Guttmann pôs-me os patins»
Artur Santos, 93 anos de idade.
Insistimos, noventa e três. O senhor é de 1931. É obra. Só falhou o Mundial-1930, por exemplo. Nunca perdeu um campeonato português, outro exemplo. Nem uma final da Taça de Portugal. Gente assim é outra loiça.
A propósito da final da Taça de Portugal, o nosso Artur Santos levanta o caneco em 1959. É o capitão mais velho ainda vivo a fazê-lo. E o senhor recebe-nos em casa, no coração de Paço de Arcos, junto à linha de comboio. Quem me apanha na estação é o seu filho Luís, acompanhado pelo neto Tiago.
O caminho a pé até casa é um instante. Lá dentro, respira-se harmonia. O casal é afetuoso, a sessão fotográfica no final da entrevista evidencia esse amor com o toque de mãos. Artur está vestido com o fato de treino do Benfica, a sua mulher equipa-se com um vestido de verão. Ele senta-se à mesa, comigo à frente, ela senta-se no sofá, ligeiramente atrás. Os dois, repito-me, em harmonia. Ou não – afinal de contas, é um casal. E é divertidíssimo ouvi-los a namorar.
Nasci aqui, sabe?
Sei, pois. Não sei quase nada sobre si, mas isso já sei.