«Atividade ilícita altamente rentável»: bilhética do FC Porto e claque na mira do MP
O Mandado de Busca e Apreensão do Ministério Público é contundente na acusação: a venda de bilhetes através da claque Super Dragões era uma «atividade ilícita e altamente rentável». Na sequência da investigação espoletada pela Operação Pretoriano, e sustentada em vigilância policial após a detenção de Fernando Madureira, a PSP levou a cabo dezenas de buscas e constituiu 11 arguidos na manhã deste domingo.
Foram apreendidos milhares de bilhetes e uma quantia monetária de «muitos milhares de euros». O zerozero teve acesso a esse mandado e revela os pormenores deste «esquema milionário» que anos a fio depauperou os cofres do FC Porto, ao mesmo tempo que enriquecia os bolsos dos seus autores.
De acordo com o MP, Madureira e a sua mulher, Sandra, retiraram «ilícitos proventos» através desta venda de bilhetes. O mandado detalha o modus operandi e inclui na acusação alguns funcionários da Porto Comercial, uma das empresas sujeitas às buscas deste domingo. Mesmo depois da detenção de Fernando Madureira, a atividade marginal adaptou-se «à nova realidade» e manteve o seu propósito.
«A partir dos factos captados no inquérito supra identificado, tornou-se ostensiva a existência de uma atividade ilícita altamente rentável em torno da chamada bilhética do FC Porto que envolve funcionários e o grupo organizado de adeptos ‘Super Dragões’», lê-se numa das passagens do documento rubricado pelo DIAP do Porto.
«Do que se apurou até ao momento, a operação de distribuição e venda irregulares dos títulos de ingresso iniciava-se com o levantamento dos bilhetes destinados para os Super Dragões por parte do seu líder. Esse levantamento seria operado de duas formas: ou via Porto Estádio (através de Cátia Guedes – coordenadora da Loja do Associado que lidera a emissão de bilhetes) ou via direta, através dos órgãos dirigentes do FC Porto e num segundo plano por Fernando Saul – Oficial de Ligação aos Adeptos. […] O conluio entre Cátia Guedes e Fernando Saul permitia que Fernando Madureira ficasse com os bilhetes e retivesse o dinheiro recebido com a sua venda, apropriando-se do mesmo», determina o documento a que tivemos acesso.
O MP revela ainda a «detenção em flagrante» de Vítor «Aleixo» Oliveira pela venda de bilhetes no «mercado negro» e conclui que todo o estratagema se traduzia em «vantagem ilegítima de conteúdo patrimonial» para todos os suspeitos, prejudicando «em igual medida» o FC Porto.