Rui Duarte: «O segredo foi nunca deixar de acreditar»
O SC Braga venceu, ao cair do pano, na receção ao Casa Pia AC (4-3) e manteve viva a luta pelo terceiro lugar na Liga Portugal Betclic. Rui Duarte, técnico bracarense, analisou o encontro na sala de imprensa do Estádio Municipal de Braga, elogiando a reação da equipa para resgatar o triunfo.
Análise ao jogo: «O segredo foi nunca deixar de acreditar. Entrámos bem no jogo, penso que até aos 20/25 minutos conseguimos controlar bem. Depois caímos na tentação de circular a bola, de ter um pouco mais de posse e de sermos pouco agressivos com a bola. O Casa Pia AC, que joga bem, foi crescendo no jogo e meteu duas ou três saídas com perigo. Perdemos a tranquilidade e sofremos o golo numa saída nossa, que tínhamos treinado e que não era nada daquilo.»
«Na segunda parte tentámos reagir, ter um pouco mais de paixão no jogo e no que fazemos com bola e sem bola. Voltámos a não entrar bem, um pouco adormecidos. O segundo golo surge e é caricato. Um jogador transporta a bola 30, 40 metros e ainda remata rasteirinho, junto ao poste e sem grande oposição nossa. Nesse momento caímos um pouco no jogo, mas levantámo-nos como verdadeiros guerreiros. Tivemos uma atitude incrível, fomos buscar tudo o que tínhamos. Chegámos com toda a justiça ao 3-2 e depois voltámos a levar outra paulada, caímos novamente com o 3-3 e com a expulsão. Ficámos com muita dificuldade, mas mais uma vez mostrámos que sabemos o que queremos. É uma vitória inteiramente justa pelo esforço de toda a gente.»
Bipolaridade da equipa: «Tem a ver com a identidade, mas isto não é novo, não é desde que cheguei. Há coisas que temos que mudar. Nós até podemos, por vezes, não jogar muito bem, mas temos que ter uma crença e alma incríveis para ultrapassar certos obstáculos. Temos que correr. Não há outra forma de ganhar jogos. Temos de correr e sofrer pelo colega de equipa que está ao lado. Também temos o outro lado, e já falámos sobre isso, de não ter boas entradas e depois sabermos reagir. Hoje não foi bem assim, mas durante o jogo soubemos reagir como uma verdadeira equipa. Temos de retirar os aspetos positivos e tentar corrigir o que não está a funcionar bem.»
Saída de Banza ao intervalo: «Opção técnica. O Abel tem treinado muito bem, tem correspondido e hoje demonstrou-o. É o homem do jogo. Demonstra grande capacidade nos treinos e grande vontade em ajudar a equipa. Estava à espera da oportunidade, depois de ter estado fora por castigo, e voltou em grande. É o que nós queremos. Mas não é só o Abel. O Pizzi também entrou muito bem, a conseguir ligar muitas vezes o jogo. Toda a gente que entrou, sem me esquecer de ninguém, ajudou a equipa e acrescentou.»
Expulsão: «Eu não lhe disse nada [ao árbitro]. Simplesmente abri os braços, porque a falta é a nosso favor. Isto tem acontecido em vários jogos, a equipa tem sido prejudicada. É o penalty no jogo do Vizela, é a expulsão no jogo do Benfica… Eu não tenho nada contra a arbitragem, nem lhe disse nada. Apenas fiquei espantado com ter sido falta contra a nossa equipa. Estou ali a viver o jogo de forma intensa. Não posso viver o jogo de forma intensa? Tenho de estar ali de mãos nos bolsos ou atrás das costas para ser correto? Nem sequer falei com ele. Simplesmente abri os braços, estupefacto, porque marca uma falta contra a nossa equipa. Passam-se demasiados episódios jogo após jogo. Não merecemos o respeito pelo que fazemos? Não trabalhamos de forma correta e honesta? Fiquei incrédulo. Não fui mal educado com ninguém, nem tenho cabeça para isso. Sabem que estou a passar uma fase difícil, mas tenho mantido sempre a calma dentro do possível. Estou a desempenhar a minha função e vivo-a apaixonadamente. Não sei o que fiz para ser expulso.»